Nossa amiga Berenice Abreu
nos enviou esta toada...
Toada da ternura
Thiago de Mello
Meu companheiro menino,
perante o azul do teu dia
trago sagradas primícias
de um reino que vai se erguer
de claridão e alegria.
É um reino que estava perto,
de repente ficou longe;
não faz mal, vamos andando
porque lá é nosso lugar.
Vamos remando, Leonardo,
porque é preciso chegar.
Teu remo ferindo a noite
vai constuindo a manhã.
Na proa do teu navio
chegaremos pelo mar.
Talvez cheguemos por terra,
na poeira do caminhão
um doce rastro varando
as fomes da escuridão.
Não faz mal se vais dormindo
porque teu sono é canção.
Vamos andando, Leonardo.
Tu vais de estrela na mão,
tu vais levando o pendão,
tu vais plantando ternuras
na madrugada do chão.
Meu companheiro menino,
neste reino serás homem,
um homem como teu pai.
Mas leva contigo a infância
como uma rosa de flama
ardendo no coração:
porque é da infância, Leonardo,
que o mundo tem precisão.
perante o azul do teu dia
trago sagradas primícias
de um reino que vai se erguer
de claridão e alegria.
É um reino que estava perto,
de repente ficou longe;
não faz mal, vamos andando
porque lá é nosso lugar.
Vamos remando, Leonardo,
porque é preciso chegar.
Teu remo ferindo a noite
vai constuindo a manhã.
Na proa do teu navio
chegaremos pelo mar.
Talvez cheguemos por terra,
na poeira do caminhão
um doce rastro varando
as fomes da escuridão.
Não faz mal se vais dormindo
porque teu sono é canção.
Vamos andando, Leonardo.
Tu vais de estrela na mão,
tu vais levando o pendão,
tu vais plantando ternuras
na madrugada do chão.
Meu companheiro menino,
neste reino serás homem,
um homem como teu pai.
Mas leva contigo a infância
como uma rosa de flama
ardendo no coração:
porque é da infância, Leonardo,
que o mundo tem precisão.
Santiago do Chile, novembro de 1964.
E também este pensamento:
"Nenhuma utilidade pode justificar o risco imenso de partir sobre as ondas. Para enfrentar a navegação é preciso que haja interesses poderosos. Ora, os verdadeiros interesses poderosos são os interesses quiméricos. São os interesses que sonhamos e não os que calculamos. O primeiro marujo é o primeiro homem vivo que foi tão corajoso como um morto".
(Gaston Bachelard)
(Gaston Bachelard)
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