Trechos da entrevista do escritor uruguaio Eduardo Galeano,
dentro do programa Sangue Latino.
Uma poeta norteamericana chamada Muriel Rukeyser disse uma frase que sempre me pareceu esplêndida: “O mundo não é feito de átomos: o mundo é feito de histórias”. Eu acredito que sim, porque são as histórias que a gente conta, que a gente escuta, recria, multiplica, que permitem transformar o passado em presente, e que também permitem transformar o que está distante em algo próximo, possível, visível.
Faz pouco tempo, um jornalista me falou: “Lendo seus livros, sinto que você tem um olho no microscópio e outro olho no telescópio”. Eu achei uma boa definição das minhas intenções, do que eu gostaria de fazer escrevendo: ser capaz de olhar o que não se olha, mas que merece ser olhado; as pequenas, as minúsculas coisas da gente anônima, da gente que os intelectuais costumam desprezar; esse micromundo onde eu acredito que se alimenta de verdade a grandeza do universo. E ao mesmo tempo ser capaz de contemplar o universo através do buraco da fechadura, ou seja, a partir das pequenas coisas; ser capaz de olhar os grandes mistérios da vida, o mistério da dor humana, mas também o mistério da persistência humana nesta mania, às vezes inexplicável, de lutar por um mundo que seja a casa de todos e não a casa de poucos e o inferno da maioria.
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